Não é um mau dia quando se pode ter salvado uma vida

Por Cathy Finn

Não é um dia mau quando se pode ter salvo uma vida. É uma bênção que por vezes temos aqui na Duffy.
Brian veio ao meu gabinete há alguns dias: “Gostaria que falasse com alguém”.

Nós na Duffy trabalhamos bem em conjunto; eu vou diariamente ao consultório de alguém e peço-lhe um pouco do seu tempo, para responder a uma pergunta ou falar com um paciente, e sempre me foi dado de bom grado. Pus a minha papelada de lado e levantei-me para saudar o cavalheiro.

“Então, o que se passa?”

Ouvi a história de um homem que tinha bebido muito durante muito tempo. Estava preocupado porque nessa manhã acordara, bebera um golo revivificante de licor e depois desmaiou durante cerca de uma hora. Quando chegou a ele, teve medo de ter uma convulsão.

Tinha sido uma estrada rochosa para ele ultimamente…momentos de sobriedade, momentos de beber muito. Tinha entrado e saído de clínicas de reabilitação, tinha entrado e saído das Urgências à procura de ajuda. Ele não pensava que o pessoal das Urgências ou dos centros de reabilitação o quisesse ver mais. Ele não tinha a certeza de que houvesse mais ajuda para ele. Tudo o que ele queria fazer era deixar de beber, e não pensava que isso pudesse alguma vez acontecer.

Estava preocupado com a possível apreensão, e o seu desespero. Sugeri que viéssemos até às urgências, só para ver se ele conseguia alguma ajuda. Eu sabia que por vezes entrar nas Urgências com um funcionário da Duffy pode ser mais eficaz do que entrar sozinho, uma vez que podemos ajudar a apresentar o problema de uma forma que o próprio paciente pode não estar à vontade, e temos uma reputação estabelecida com a CCH. No caminho conversamos; é apenas uma caminhada de cinco minutos, mas aprendi que uma caminhada de cinco minutos pode desvendar muita informação.

Começou por dizer que só queria ser afastado, longe da bebida. Tentei esclarecer as suas necessidades. Disse que se sentia muito deprimido, que achava que já não conseguia lidar com a vida. Outro momento de caminhada e ele disse-me que por vezes lhe apetecia acabar com tudo. Mais alguns minutos e ele disse-me que tinha um plano; ele tinha um frasco cheio de medicamentos em casa que certamente faria o trabalho. Perguntei-lhe se ele diria isso ao pessoal do hospital; no início estava hesitante, mas começou a compreender que esse tipo de honestidade poderia dar-lhe alguma ajuda, em vez de ser ‘corajoso’ e não dizer à enfermeira da triagem o quanto as coisas lhe pareciam muito difíceis.
A enfermeira da triagem ouviu-nos atentamente, foi tranquilizadora, e fez o seu melhor para o levar para as urgências para pedir ajuda o mais rapidamente possível.

Enquanto eu esperava que ele fosse visto, falámos mais um pouco. Ele contou-me como acordou naquela manhã, sentindo-se muito deprimido e desesperado. Ele disse que se lembrava de uma coisa – que Brian lhe tinha dito que se alguma vez precisasse de ajuda, para entrar e falar com ele, arranjaria tempo para ele.

Esta manhã, ele acordou e sabia que não poderia ir noutro dia. Entrou no Duffy Health Center e subiu ao segundo andar para obter ajuda, e pediu para ver Brian numa base de emergência. Ele disse-me o que o encontro com Brian significava para ele. “Eu sabia que era lá que iria obter ajuda”. Ele disse-me o que significava para ele saber que tinha o Brian no seu canto se precisasse dele. Ele não tinha dito ao Brian que já tinha tomado alguns dos medicamentos naquela manhã, pensando talvez em acabar com a sua vida. Mas ele disse ao pessoal do hospital, e posso dizer-vos que está agora a receber a ajuda de que necessita.

Setembro é o Mês da Recuperação Nacional. Encontre ajuda para si ou para um ente querido em www.recoverymonth.gov ou telefone para Duffy: 508-371-9599.